Era uma vez... Não, isso não é um
conto de fadas, é a história de alguém que conseguiu reaprender a comer, e
agora vive muito melhor. Sou Ana Paula, tenho 29 anos, um filho de quatro meses
e decidi que precisava mudar minha vida, e essa mudança tinha que começar pela
boca. Desde criança fui acostumada a comer bolacha recheada, miojo, salsicha, Nescau... Há vinte e tantos anos essa alimentação não parecia apresentar tantos
riscos, como agora sabemos. O problema é que cresci e continuei a comer dessa
maneira, com poucos nutrientes, muito açúcar e poucas frutas, verduras e
legumes então... Conto que eu era o tipo de pessoa que não podia ver nem um
temperinho verde na comida, eu catava e deixava de lado. Normalmente almoçava
comida, mas com bastante arroz branco, batata frita, massa (aqueles pratos bem
amarelos), quando entrava uma cor diferente vinha de uns pedaços de alface, um
rodelinha de tomate, mas só para me enganar e achar que estava fazendo algo de
bom por mim. Nunca gostei de carnes gordurosas, detesto comidas que tenham
aparência gordurosa, como pastel, por exemplo. Meu maior problema era o consumo
exagerado de açúcar, batata palha, batata frita, queijos amarelos e produtos
industrializados para cozinhar (caldo de carne, molho de tomate pronto, temperos
cheios de sódio e coisas do tipo), nunca fui viciada em refrigerante, sempre
preferi suco natural de laranja, mas quando tinha refri na mesa eu tomava. Com
isso, os anos foram passando, eu fui comendo cada vez mais porcarias e
engordando.
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Eu cheguei a ter esse corpo... Agora sigo em busca da saúde |
Chega uma hora em que a gente para de se perceber. Foge das fotos, se esconde inconscientemente do espelho. As roupas deixam de servir, compramos novas e não sei por qual motivo, continuamos nos maltratando. Minha desculpa era não ter tempo, acredito que a maioria das pessoas diz a mesma coisa, mas se for pra fazer uma "gostosura" a gente arruma jeito . Em 2009 meu pai, a quem eu era muito apegada, faleceu em decorrência de um câncer de pâncreas, que em 60 dias apareceu e devastou nossa família. Meu pai sempre tomou muito refrigerante light, nada me tira da cabeça que esse maldito câncer pode ter sido por causa dessa bebida tão maléfica... Mas não foi nessa época que mudei, ainda levou um tempo. Em 2010 eu e meu marido fomos morar em Bogotá, na Colômbia, e lá eu não trabalhei, foi a oportunidade perfeita para, finalmente, aprender a cozinhar, afinal, passei a ter tempo, aí não tinha mais desculpa. Meu mentor culinário é o Jamie Oliver, chef inglês, ganhei três dos tantos livros que ele tem publicado, e comecei a arriscar, usar temperos, comer uns legumes, e ganhei habilidades na cozinha.
Em 2012, já de volta ao Brasil, resolvemos que era hora de ter um filho, foi aí que caiu a ficha, preciso cuidar um pouco mais de mim para ser mãe. Com essa consciência comecei a comer menos porcarias, larguei o refrigerante e fui para a academia, para minha alegria, em um mês estava grávida. Durante a gravidez continuei com esse plano de comer melhor, mas ainda não havia abandonado o açúcar totalmente, nem as frituras. Ainda comi uns big macs, alguns sorvetes e chocolates, mas passei a caprichar nas frutas e abandonei o refrigerante de vez. Engordei 12 kg, o esperado para uma gestação. Não sofri de diabetes gestacional e passei a gravidez toda me sentindo muito bem.
Quando o Bernardo nasceu consegui amamentar, com isso, nos primeiros 20 dias eu já tinha perdido os quilos da gestação. Quando ele tinha três semanas fiz minha primeira consulta com a Fernanda Machado, minha nutricionista funcional, e estava pesando 81 kg, tenho 1,50 cm e meu IMC era de 36, isso me colocou na categoria Obesidade Grau II.
Com as orientações da Fernanda eu dormi de um jeito e acordei de outro. Estava determinada a mudar, queria abandonar de vez a falta de saúde. Olhando para o Bernardo tive a certeza de que queria viver muitos anos ao lado dele, e foi assim que na manhã seguinte a consulta eu já fiz meu primeiro esforço: café com leite, sem açúcar. Os primeiros dias foram mais estranhos, na segunda semana já estava adaptada, foi aí que por orientação da pediatra (desconfiança de uma possível alergia à proteína do leite no Bernardo) eu tirei todos os derivados de leite, e o café passou a ser puro, sem açúcar. E eu, que antes adoçava chá, café e suco, abandonei de vez o açúcar refinado (bolos com coberturas e recheios, chocolates, sucos de caixinha, sorvetes, leite condensado...). Além disso, a introdução de alimentos integrais, o corte das gorduras ruins (frituras, embutidos, defumados, caldos de comida prontos, queijos amarelos), o consumo de salada com três cores (pode ser alface, tomate e cenoura, ou tantas outras combinações) e as oleaginosas (avelãs, amêndoas, castanha do Pará, nozes...), o suco verde e três porções de fruta por dia passaram a ser minha rotina alimentar. Acredito que o sucesso tenha sido a variedade de alimentos, nunca comia a mesma coisa, sempre procurei receitas saborosas e que me fizessem comer com os olhos, assim eu continuava tendo prazer em comer, mas de maneira correta.
Hoje, quase quatro meses depois desta mudança de vida já mandei embora 11 kg, estou vestindo dois números de roupa a menos e já mudei de categoria da tabela do IMC, estou com 31 – Obesidade Grau I, perdendo mais cinco quilos deixo definitivamente essa categoria OBESIDADE, e passo a ter sobrepeso, algo que não sei o que é há mais de uma década...
A segunda coisa que contribuiu para essa redução foi o exercício físico. Três meses após o parto comecei meus treinos, orientada pelo Fabiano Braum, treinador do grupo de corrida
Floripa Runners, os primeiros foram de caminhada, gradativamente foram sendo acrescentados uns quilômetros de trote leve e agora, seis semanas depois, já estou só correndo, conquistando condicionamento físico e até pensando em já participar de alguma prova de corrida de 5K, mas tudo conforme o treinador pensa para mim.
Agora que já contei um pouco sobre como aconteceu comigo passarei a dar dicas e falar sobre a minha alimentação, deixando muito claro que o cardápio que eu uso é receitado para mim, cada pessoa deve fazer uma consulta individual para conhecer suas necessidades, mas todos podem investir numa alimentação mais natural, comer a menor quantidade possível de industrializados, não usar nada pronto para temperar a comida, comer frutas e praticar uma atividade física. Não é simples, não é fácil, nem sempre é barato, mas é a fórmula para mudar nossa vida. Pense, se fosse para fazer uma panela de brigadeiro você ficaria na beira no fogão mexendo e mexendo né?! Mande a preguiça embora, trace metas reais (não precisa perder 20 kg em um mês) e veja sua vida melhorar! Acompanhe comigo como se reeducar não precisa ser um sacrifício!